Quem trafega pelas estradas do município de Dom Inocêncio, a 615 km de Teresina, se depara com placas confeccionadas em madeira pelo poeta e artesão João Dias. Pai de família, morador da zona rural do município, ele foi contratado pela prefeitura para fornecer objetos em madeira, desde peças didáticas para os alunos das escolas municipais até placas de sinalização que ajudam a localizar as comunidades rurais.

Com uma extensão territorial grande, o município de Dom Inocêncio possui dezenas de localidades espalhadas pela zona rural e as placas feitas pelo artesão ajudam a indicar os destinos que levam à cada comunidade. Ao portal DitoIsto, João Dias explicou como desenvolve o trabalho para o poder público local.

“Eu fui contratado pela prefeitura, pelo fato de ser um prestador de serviço na arte do município, para fazer diversas atividades. Eu dou aula de poesia nas escolas, faço essas plaquinhas para as estradas, faço materiais didáticos também, como tangram, dominós, enfim, uma infinidade de materiais para as escolas. Eu tenho a liberdade para fazer o que eu quero e aquilo que os professores encomendam”, explicou João Dias.

Sobre as placas de sinalização, o artesão conta que, além de confeccionar, ele mesmo percorre o município para fixar as estruturas nas estradas vicinais. 

“Sou eu mesmo. Quando é uma comunidade muito longe [do local onde moro], como a distância para comunidade Barra do Antônio Martins, eu fui de carro, pois eram muitas placas e eu levei dois painéis. Mas, dependendo da distância, eu coloco na garupa da moto com a cavadeira e uma alavanca e vou lá colocar no lugar”, detalhou.

Incentivo à arte e a cultura

Com quase 10 mil habitantes, a maioria na zona rural, o município de Dom Inocêncio é administrado pelo prefeito Fernande Filho, o Fernandinho (PSD). João Dias considera que a iniciativa da prefeitura de contratar os seus serviços é um importante exemplo de apoio do poder público à cultura e ao artesanato local.

“É um apoio importante. Normalmente, na história, quando se refere à cultura, o poder público de modo geral costuma dar apoio para os puxadinhos, para aqueles puxa-sacos ou só para quem vota, e acaba castrando quem realmente faz alguma coisa pela cultura. Embora isso ainda exista, esse aqui é um exemplo de incentivo para quem realmente faz cultura e quer fazer. Faz a diferença”, comentou o artesão.

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