Algumas situações na política são difíceis de explicar. Ou talvez não. 

Quando era deputado federal, em 2015, o piauiense Marcelo Castro (MDB) foi designado pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de quem era aliado, como relator da reforma política. Na época, Castro apresentou relatório propondo mandatos de cinco anos para todos os cargos eletivos no Brasil, reduzindo os mandatos de senador de 8 para 5 anos.

Na época, houve um momento em que ele, pressionado politicamente pela proposta de redução, até chegou a mudar o relatório e propor 10 anos. Porém, voltou atrás e seguiu defendendo o que achava ser o certo, que era reduzir para cinco anos.

“Por que eu vou pagar um preço por uma coisa que eu acho errada? Cinco anos é um mandato absolutamente razoável para todos os níveis. Se os senadores querem 10 anos, que eles proponham. Eu não quero esse desgaste para mim”, disse Castro na época após manter a ideia original de reduzir os mandatos.

O relatório do piauiense propondo a redução dos mandatos de senador foi bastante criticado naquele ano e o então presidente Eduardo Cunha ignorou totalmente o documento de Marcelo e ainda o tirou da relatoria, fato que gerou uma crise entre os dois. Cunha chegou a dizer que faltava “inteligência política” a Marcelo, pois a proposta de redução dos mandatos dos senadores jamais avançaria no Senado Federal.

10 anos depois...
Agora, exercendo o cobiçado mandato de senador, Marcelo Castro é novamente relator uma proposta de reforma política no Congresso Nacional. Mas, diferente de 2015, ele agora defende aumentar os mandatos dos senadores de 8 para 10 anos. 

O relatório do Novo Código Eleitoral apresentado pelo senador está em fase final de tramitação. Entre outras mudanças como o fim da reeleição, dá uma década de mandato para os senadores da República. Nada ruim considerando que o próprio Castro é senador.