Vivemos em um tempo em que parte da classe política parece mais preocupada com o número de curtidas do que com o número de leitos em hospitais. São deputados, secretários, prefeitos e até governadores que se dedicam mais em fazer dancinhas do TikTok do que se debruçar sobre os reais anseios da população.
Eles entram em trends, fazem coreografias ensaiadas e postam frases de efeito – tudo por mais visibilidade nas redes sociais.
Isso pode chamar atenção e, do ponto de vista da comunicação, tem seu grau de importância, porém, não costuma converter em votos e tampouco resolve os problemas do cidadão. O povo, via de regra, não quer saber se o político tem carisma na frente das câmeras e, muitas vezes, o tiro acaba saindo pela culatra. O que poderia ser uma brincadeira bem-humorada acaba cansando quem acompanha as redes desses políticos ‘influencers’. Quem ainda aguenta o governador Rafael Fonteles cantando ‘tem hora dá vontade de bater no Piauí’?
Na Câmara Municipal de Teresina, a situação não é muito diferente e o nível é bem baixo. Jornalistas de formação, os vereadores Petrus Evelyn e Samantha Cavalca protagonizaram diversas acusações, levando até para o lado pessoal, questionando orientação sexual do colega. No caso deles, a aposta não é fazer gracinhas e dancinhas, mas chamar atenção com frases fortes e discursos de efeito. Pensando no corte do vídeo que vai para a rede social, eles mudam a entonação e fazem declarações calculadas.
Já o vereador Eduardo Draga Alana, que também faz parte da CPI da Águas de Teresina, resolveu se inspirar nos vídeos virais do deputado federal Nikolas Ferreira. Falhou miseravelmente.
E o que falar das danças e trends do secretário de Comunicação do Piauí, Marcelo Nolleto? Ex-secretário de Governo e amigo pessoal do governador Rafael, ele entrou no lugar do jornalista Mussoline Guedes na Coordenadoria de Comunicação Social (CCom) e passou a traçar a estratégia de comunicação do estado. O foco, no entanto, tem sido suas próprias redes sociais e autopromoção com videozinhos engraçados.
Até parte da polícia do Piauí se curvou à moda dos vídeos ‘bem-humorados’. Não se trata, aqui, de condenar a presença descontraída nas redes sociais, mas sim os excessos, a frequência exagerada. Delegados concursados, muito competentes, passaram a agir como influenciadores digitais para que possam ser enxergados pelo governo, pela população e pela mídia. Os que não gravam vídeos, ficam de escanteio e não coordenam departamentos relevantes.
Ser conhecido na internet não é o mesmo que ser respeitado nas urnas. A política exige seriedade, compromisso e trabalho. É claro que a comunicação com o eleitor é importante e as redes sociais são imprescindíveis hoje em dia, mas o papel do político e dos gestores vai muito além do engajamento digital. Quem se elegeu para representar e/ou governar precisa fazer valer a confiança que recebeu e isso não se mede por visualizações, mas por resultados concretos.